A Assembleia de Cidadãos do Bairro C: Compromisso Carbono Zero concluiu o processo de seleção das propostas para a descarbonização daquele bairro do centro de Guimarães. Neste processo em que a autarquia envolveu a população nas estratégias ambientais, os participantes elegeram quatro das 11 propostas a votação e aprovaram um investimento de 206 mil euros nas áreas da Energia e Economia Circular.
Guimarães vai investir 206 mil euros em quatro projetos de descarbonização do Bairro C: Compromisso Carbono Zero. As propostas foram aprovadas na última Assembleia de Cidadãos do Bairro C, que se realizou a 8 de fevereiro , e estão divididas em duas áreas principais – Energia e Economia Circular –, representando um passo significativo na construção de um território mais sustentável e alinhado com os desafios da transição ecológica.
Iniciada em julho de 2024, a Assembleia de Cidadãos do Bairro C já promoveu três sessões, em que os cidadãos locais tiveram a oportunidade de debater e idealizar soluções para áreas como energia, mobilidade, resíduos, economia circular, áreas verdes e biodiversidade. O projeto permitiu, assim, à população desempenhar um papel central na definição das estratégias ambientais do concelho – uma das ações integradas na visão do município para promover a educação ambiental rumo à neutralidade climática.
Em busca de um modelo de sustentabilidade
O processo de participação comunitária ficou agora concluído com a tomada de decisões e investimentos estratégicos. No setor da Energia, vão ser aplicados 150 mil euros em dois projetos: o primeiro consiste na criação do Balcão da Sustentabilidade, um espaço dedicado ao apoio e aconselhamento dos cidadãos em temas como eficiência energética e economia circular; a segunda iniciativa prevê a instalação de uma central fotovoltaica em autoconsumo, localizada em edifícios municipais, cujo excedente energético será destinado a habitação social, promovendo assim um modelo mais sustentável de produção e consumo de energia.
Já no setor da Economia Circular, foram alocados 56 mil euros para a implementação de duas medidas inovadoras. Uma delas é o espaço “Aprendo e RRRCiclo”, onde serão realizados workshops de reparação têxtil, eletrodomésticos, eletrónica e upcycling, incentivando a redução e a reutilização de resíduos. Além disso, serão instalados 10 contentores inteligentes, equipados com um sistema de recompensas que motiva a adoção de melhores práticas de reciclagem.
Estimular a participação dos cidadãos é meio caminho para o sucesso
“A Assembleia dos Cidadãos tem sido muito ativa e com várias questões, muitas apresentações e com os cidadãos interessados em contribuir para que este Bairro C seja climaticamente neutro. Não é um processo fácil, estamos atualmente em fase de aprendizagem, mas acreditamos que será cada vez mais enraizado nas cidades europeias”, explicou Dalila Sepúlveda, vice-presidente do Laboratório da Paisagem.
“A AVE sempre defendeu a participação cidadã e estes processos de democracia direta e, por isso, esperamos fazer parte do desenvolvimento deste processo de desenvolvimento em prol de um futuro mais sustentável”, afirmou José Cunha, representante da organização não governamental de Ambiente AVE – Associação Vimaranense para a Ecologia.
Já Carlos Ribeiro, diretor executivo do Laboratório da Paisagem, destacou “o sucesso desta Assembleia de Cidadãos”, um “projeto que foi crescendo desde a primeira sessão e que nos mostrou que vale a pena investir nestes instrumentos e que os cidadãos estão presentes e querem mesmo participar”. “Guimarães pode e deve continuar a dar estes exemplos e o Laboratório da Paisagem compromete-se a avaliar o sucesso para replicar estas iniciativas”, concluiu.
Bairro C: um modelo inovador de participação e descarbonização
O Bairro C: Compromisso de Carbono Zero é um projeto-piloto promovido pela Câmara Municipal de Guimarães, Laboratório da Paisagem e RdA, no âmbito do programa NetZeroCities. Refira-se, ainda, que esta metodologia, neste formato inovador, foi desenvolvida numa colaboração entre o Laboratório da Paisagem e a AVE.
Com uma abordagem integrada, a iniciativa promove a participação ativa da comunidade na transição climática, impulsionando mudanças comportamentais e soluções inovadoras, incluindo o uso de transportes públicos, eficiência energética e produção local de energia renovável, sempre com o envolvimento direto dos cidadãos na construção de um território mais sustentável e resiliente.